quinta-feira, 31 de outubro de 2013

USA 2: Dia 12 - Aventuras Californianas

Amigo leitor, um dia sem dirigir. Em LA, isso é uma dádiva.
Mas o mérito é todo meu: escolhi a dedo o hotel para ficar perto não de um, mas de dois passeios. E um deles era hoje: California Adventures.
Trata-se de um dos dois parques Disney por aqui. Mas apenas para ordenar cronologicamente as coisas, o dia começou com panquenas no IHOP. Bom, até em excesso na quantidade. 
O parque tem atrações relativamente poucas. Os destaques ficam para a montanha-russa California Screaming, veloz e segura, mas sem grandes peripécias, Soarin Over California, uma repetição da atração na Florida onde o visitante se colocar em um voo aberto por lindas paisagens mostradas em uma tela de altíssima resolução e com os odores dos locais e Hollywood Hotel, uma atração de sustos, com um elevador amaldiçoado, também uma repetição de atração na Florida. Ainda vale citar uma de carros passeando por paisagens. 
O almoço foi uma incrível salada de frango em um pão italiano feito na hora. Literalmente, comi o prato.
O show final foi de projeções de luzes e trechos de filmes em águas dançantes, um genérico do Fantasmic, em Orlando.
E se eu estou falando tanto é tudo é igual, qual a opinião ?
Pois é... gostei. Cotação Asimovia: 2 sabres de luz. Vale porque é parque Disney, amigo leitor. Tudo funciona, tudo é limpo, todos são corteses. Dá certo. Há um certo excesso de lojas e locais de comer, mas ok. Vale sim a visita, especialmente se você for novato de Disney.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

USA 2: Dia 11 - recarregando forças

Amigo leitor, dia de pegar leve. É preciso, às vezes, e faz parte do planejamento. 
Acordei não tão cedo, tomei um não tão café da manhã, e peguei um caminho não tão perto que estava não tão livre. Atrasei e peguei os queridos amigos Maurício e Sandra em LAX, e os trouxe de volta ao hotel. 
Almoçamos aqui perto, primeiro acerto do dia: Joe's Crabs, comer... crabs. Muito bom, e não tão caro: 22 obamas por pessoa.
Depois seguimos para um Target, onde achei mais um presente. Depois, Holywood.
Holywood significa atravessar a cidade de novo: 60km. Fomos numa boa, paramos numa boa e pisamos em umas 1500 pessoas famosas. Ou pelo menos suas estrelas. 
A Calçada da Fama é apenas uma calçada com estrelas dedicadas a um monte de gente que nunca ouvi falar. O pessoal de música, teatro e rádio passam batido total. Reconhecemos uns 10% dos de tv e 50% dos de cinema, e olhe lá. Nisso, também achamos o Teatro Chinês e, em algum momento, o Teatro Dolby (antigo Teatro Kodak, onde ocorre a cerimônia do Oscar), que na verdade passou despercebido. No shopping, ótimo ponto de observação do Holywood sign, devidamente fotografado.
Passeio fraco, classificação Asimovia: 1 sabre de luz. Mas não se pode perder essas coisas. Eu não me arrependo de ter vindo em momento algum, pois me sentiria um imbecil se não viesse.
Jantamos comida indiana por ali mesmo. Bom e barato.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

USA 2: Dia 10 - Fom fom fom, fom fom, fom fom fom fom.

A segunda-feira começa com um problema. Dormi pouco e tinha outro parque para ir. O café do hotel é muito fraco: 3 tipos de pães, geleia, café, suco e bolinhos. Nada de proteína. Mas, curioso, tudo que comi estava bom.  Daí, um stress: o cofre do quarto estava trancado. Deveria estar aberto, para eu poder ajustar uma senha e usá-lo. Pedi ajuda na recepção e me enrolaram por 40min até não resolverem coisa alguma: continuo sem cofre.

Pra rua, apenas 12 min até o Knott’s Berry Farm, parque temático do Snoopy. E ao chegar, pouco depois das 10h, ele estava fechado. Não pode ser: eu não ia errar uma coisa tão idiota como o dia que não funciona. Ou ia ?

Votei ao hotel para conectar internet e eu estava certo: deveria estar aberto. Voltei para lá, já 11 da manhã passada (o parque abriria às 10h de acordo com o site) e, a 500m passo por uma loja com relógio externo marcando  10h05.

Ah, tá. Fuso horário. De novo. Acordei uma hora mais cedo a tôa.

O parque é muito bom. Organizado, claro, fácil. Pessoas atenciosas por todo lado. O exato oposto do Six Flags. As atrações não são tão boas quanto, embora Xcelataror e Ghost Rider não deixem a desejar.

O ponto é que a cada momento em que eu parava para ver o mapa, algum funcionário se preocupava em me perguntar se estava tudo bem comigo e se eu precisava de ajuda. Nunca esperei mais do que uma rodada para qualquer das atrações, mesmo as mais concorridas.

O amigo leitor pode perguntar: “então, porra, se montanha-russa era tão importante assim, por que você não deixou o Six Flags para o segundo dia?”.

Fora a questão do horário (Knott’s fecha às 18h), Six Flags só abre aos finais de semana. Claramente, aquela joça é para os habitantes locais, que não precisam de mapas, instruções ou mesmo enxergar o chão.

Almocei uma costela suína fantástica, mas comecei a evitar refrigerante. Acho que passei da conta nisso. Eu queria um sorvete de sobremesa, mas nem rolou, ó.

Ainda por lá resolvi uma pendenga que estava começando a incomodar: uma lembrança da viagem para minha tia. Ao contrário da Inglaterra, esta eu acertei em cheio, com direito a personalização. Como eu sei que ela está lendo esta budega, não contarei o que é.

Voltei ao hotel umas 16h20, banho e arrumação. Neste momento, estou com o notebook no colo enquanto a roupa seca na lavanderia ao lado do hotel. Não tem jeito: em viagem grande, pelo menos uma lavanderia a gente visita. Nota é: caramba, como essa chicana dona do lugar é fedida. Não é preconceito, gente, a mulher parece que morreu e não recebeu o aviso por email.

Enfim, é o que temos.

USA 2: Dia 9 - Mais baixos do que altos

Meu segundo domingo de férias não foi, mesmo, dos melhores. Acordei cansado, o que é ruim para quem vai dirigir bastante. Pulei o café e pé na estrada, depois de fazer um curioso checkout pela internet.
Fui primeiro para a Hoover Dam. É aquela represa grande que aparece em todos os filmes americanos. Foi uma tremenda obra de engenharia feita entre 1931 e 1935, tem uns 220m de altura e 100 de largura. Imponente, forte, firme, como tudo que se fazia na época. Ainda tirei umas fotos da ponte sobre o rio Colorado, linda e complicadíssima de fazer também. Que se registre que mudei de estado de novo, pois o outro lado da barragem é no Arizona.
Pé na estrada rumo a Califórnia.
E a primeira coisa que vi na Califórnia foi um congestionamento. Gente, o problema não é Los Angeles, é o estado inteiro. Em momento algum na viagem peguei estrada realmente livre. E comecei a ver acidentes, embora nada sério. E daí, pude comprar o motorista sulista, o redneck, lá do sul do leste com o cara mais descolado, mais estudado aqui no oeste. Pois os caras daqui (oeste) são bem piores: não dão passagem, atravancam a faixa da esquerda, agem como bundões donos da estrada. Lembra muito o estilo do brasileiro ao volante, com o lado negativo deles ainda não terem criado um sinal de “pedir passagem” como nós usamos aí.
Almocei uma micro pizza hut com red bull zero (tem apenas 10 calorias!), pois estava quase dormindo ao volante. A porcaria do GPS continuava teimoso, e não achou nem o hotel pelo endereço ou nome, nem o parque que eu ia, endereço ou nome. Felizmente, eu aprendi a navegar pelo mapa e escolher o destino, literalmente, a dedo. 
A paisagem é um saco: MMPD (MMFD, em inglês). 
E quando a coisa estava ruim, a estrada já em Los Angeles parou completamente. Todas as 5 pistas dos dois lados (não vinha ninguém de lá). Notei os carros de resgate (uns 5), reboques (3) e polícia (mais de 10) passando para atender a ocorrência. Parecia que caiu uma bomba no lugar pela equipe deslocada, mas quando finalmente tudo voltou a andar, passei pelo acidente e era... um motoqueiro caído e um carro envolvido. #sampafeelings. E eles fazem um carnaval danado por causa de uma coisa tão simples.
Com isso, decidi mudar a rota e, em vez de deixar tudo no hotel, fui direto ao Six Flags, onde cheguei às 17h45.
Uma porcaria de parque. Só na primeira montanha russa foram 80min de espera. Depois uma das maiores atrações, a X2, fechada. Idem para a Baja. A Chupacabra (se eles soubessem...) precisava de um tag especial para entrar, e ninguém explicou o que era ou como conseguir o tal tag. Talvez eu estivesse disposto a pagar, oras... O parque vive uma promoção chamada “Frighting Nights”, igual à nossa “Noites do Terror” (na verdade, ao contrário). Com isso, a iluminação estava uma porcaria e a sinalização fraca ficava invisível. Não consegui um mapa com ninguém, mas também não serviria para nada. Muita gente furando fila (não estou falando dos passes especiais, é safadeza mesmo).
As atrações que fui, admito, era boas. Goliath, Green Lantern, Batman, Superman (um tanto overrated, mas boa) são bastante interessantes. A melhor eu deixei para o final, a Full Thruttle, que dispara o carro com ímãs e faz um percurso com muitos loops e voltas. Na Superman, lembrei-me novamente porque não se devem encarar meninas com (provavelmente) menos da metade da minha idade: tinha uma procurando confusão, por assim dizer.
Conclusão: não pretendo mais ir a parques Six Flags e não recomendo a ninguém. Cotação Asimovia: 2 cocares.
De lá, era 100km até meu hotel. Isso mesmo que você leu, amigo leitor: 100 km. É como se eu tivesse ido de casa até depois do Hopi Hari. Pelo menos tudo aqui tem estradas bem livres e corri sem problemas. Jantei uma variante do Quarteirão no McDonald’s (que eu ainda não tinha ido) e cheguei bem ao hotel. Checkin é chato nessas horas, mas correu sem dificuldades.Vale lembrar que, no final, o maledeto Tom Tom sabia da tal W Orangewood Ave: não plotou o mapa de babaca. Mas agora é tarde, pois setei o local aqui como home: toma essa !

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

USA 2: Dia 8 - Quem manda aqui sou eu

Acordei com problemas: simplesmente errei a conta dos dias, a minha reserva no Excalibur expirou. As opções eram ir embora, pura e simplesmente, perdendo o show de Penn & Teller a noite, ir para outro lugar, a procurar, e renovar. A opção mais certa era ir para outro lugar, pois a diária no sábado é uma facada, mas acabei ficando para economizar trabalho e tempo. Mas fiquei puto, muito puto, com o valor: USD 225, contra usuais USD 45 durante a semana. Não precisava explorar assim!
E quando eu fico puto, amigo leitor, eu também fico focado, vingativo, meticuloso, cruel e, porque não, cínico.
Almocei um dog com cerveja por USD 5 no hotel mesmo e fui às compras pendentes. Comprei as coisas esportivas que eu queria, inclusive uma encomenda do chefe, presentes para a namorada (dizem que qualquer mulher pode ser domada com sapatos e chocolates, e eu comprei ambos) e lembranças.
Enquanto comprava, me concentrava mais no que faria na volta. E voltei die hard. Apliquei a estratégia de atacar a roleta em lotes de USD 5 e depois 10. O tempo era meu aliado, e pude ficar nisso por quase 2h. Entrei na mesa com USD 100 e saí com USD 330: sim, eu tive a pachorra de ganhar exatamente o valor da diária e do almoço. 
Tomei banho e rumei para o hotel Rio, onde veria Penn & Teller. Para quem não conhece, segue um sample:


Os caras são uma mistura de mágicos, comediantes stand up e ativistas céticos. Mas não fazem um pouco de cada, fazem muito de cada, ao mesmo tempo. Vou tentar narrar apenas o primeiro truque da noite:
Eles pedem 2 voluntários da plateia com celulares operacionais, toque característico e que pelo menos um deles tivesse capacidade de filmagem (e o dono soubesse usar). Eles pediram à filha do dono que ligasse e todos ouvimos o toque. Penn, então, testa o video por algum tempo e pega um copo de plástico grande e vazio. Ele finge colocar o celular no copo e o arremessa para trás, aos olhos de todos, e Teller o pega com um balde que é erguido no palco. Penn coloca o copo no chão e pisa em cima e... não em celular ali, óbvio.
Ele pede para a filha ligar para o celular do pai e, para surpresa de todos, o celular toca no meio da plateia, não no balde. No lugar de uma moça, embaixo do assento, há uma caixa. Penn pede a caixa e esta vai sendo passada de mão em mão até o palco. A caixa está lacrada. 
Penn pede ao rapaz para abrir a caixa e a caixa tem um... peixe, isso mesmo. Teller vem do nada com uma faca, corta o peixe no meio, e o celular está lá dentro, em um saco plástico. 
Entenderam o nível da coisa ? Isso era só para mostrar quanta confusão um celular pode causar, e pede a todos que desliguem os seus.
De longe, o melhor show de Vegas. Se só puderem ir em um, vão nesse. E ainda tirei fotos com os dois e peguei autógrafo no ingresso, que curiosamente desapareceu da minha vista. Na boa: se o Teller (último com quem falei) assinou o ingresso e depois roubou da minha mão, fico completamente honrado.
De lá fui jantar, e resolvi comer no Hooters, pois queria ver umas bundas balançando. Ledo engano: elas não fazem a famosa dancinha lá. As asas de frango sem osso estavam boas, mas o som alto estava osso. Puto por gastar USD 20 na comida sem ser recompensado por peitudas dançantes, fui para o cassino local, onde ganhei mais USD 30, apenas para pagar a conta e demonstrar meu ódio. 
Aqui, uma nota interessante, que explorarei no futuro. Pude fazer uma análise completa das jogadas. Fiz 21 apostas "binárias" e tive 6 vitórias e 15 derrotas. Percebam que a roleta estava de sacanagem comigo: tive aproveitamento de 28,51% quando o esperado médio seria 42,11%. Ainda assim, eu ganho dinheiro sim. Perceba que os 30 dólares ganhos são múltiplo de 6, a quantidade de vitórias. Nada disso é coincidência, é planejamento e paciência.
Satisfeito comigo mesmo, fui dormir.

sábado, 26 de outubro de 2013

USA 2: Dia 7 - Back on track

Antes de tudo, no sétimo dia (uma semana), preciso concluir que este não é um país civilizado. É organizado, estruturado, preparado, bem construído e mantido. As pessoas são, na maioria, educadas, polidas e gentis. Mas não é um lugar civilizado. Ainda não vi nenhum cão daschound aqui. Todo mundo sabe que daschounds são prova de civilização assim como conexão wifi é prova de tecnologia. Isto posto, voltemos à programação normal.
Peguei pesado ontem. Mesmo.
Logo cedo, pé na estrada rumo ao Las Vegas Motor Speedway, onde tinha agendada uma sessão de testes com um carro de Nascar. Este era o segundo ponto alto da viagem, depois de ver a corrida em 'Dega, e já acordei com, como se diz aqui, borboletas no estômago. Caminho simples, cheguei 30min antes. Tirei algumas fotos da pista e recebi as instruções.
Os carros vão à pista em grupos de 4. Meu grupo tinha uma moça e dois irmãos italianos. As primeiras duas voltas são para acostumar com as condições e conversar com o instrutor, um simpático senhor chamado Art. Depois ele vai deixando a gente pisar mais. 
E é rápido de verdade. Fui aprendendo a aceitar o funcionamento do carro nas curvas. Como no kart, é uma questão de sentir e confiar no equipamento. Nas duas voltas finais, eu já estava acelerando antes do ponto indicado e freando depois. Infelizmente, o Art não me deixou pisar tudo na reta nenhuma vez, pois eu era novato. Entendo. 
Mas ainda assim, amigo leitor, fui 2s mais rápido que cada um dos italianos. Owned. A moça não conta, oras: não tem o cromossomo da direção, não é culpa dela ter feito velocidades máximas muito abaixo da minha média. Fica a promessa de um conto ficcional que imaginei baseado nesse passeio, para um outro dia.
De lá, fui para a The Gun Store, usar o pacote que tinha solicitado. Ótimo atendimento, embora impessoal, alguma fila e a decepção de nenhum dos 2 rifles estarem disponíveis, nem a P38. Peguei a 1911 e duas automáticas: Grease Gun e a clássica Tommy. Muito legal, mesmo! Tenho agora um pingo de XP alocado nisso. 
Daí fui caçar ingressos (observem que, novamente, não almocei). Primeiro fui reservar lugar para jantar no Stratosphere. Primeiro fui ao hotel Rio, que o GPS não sabe onde fica, comprar para Penn & Teller, para sábado. Na volta, um pulo no Bellagio para Cirqué du Soleil: O no mesmo dia, 19h30. Ali, a glória: a atendente pediu documento e, como sempre, apresentei passaporte. E ela se disse surpresa, pois "eu falo um bom inglês". Uma de duas: ou eu melhorei meu inglês ou ela estava flertando comigo. Em ambos os casos, massageia o ego.
Consumiu algum tempo, mas foi perfeito. Saí do Bellagio 17h50 para tomar banho e voltar direto. Tudo perfeito.
Nunca tinha ido ao Cirqué du Soleil, e comecei por O, altamente recomendado. Lembrei de um estudo de caso sobre a origem do Cirque, que usa atletas aposentados ou não tão bem sucedidos de vários esportes, a começar por ginástica olímpica. Em resumo, pense em uma moça que tentou uma vaga na seletiva americana para as Olimpíadas e, com 6 vagas, ela ficou em 14o. Perdeu, tá fora, já era. Mas ainda assim é uma atleta, oras. E o Cirque aproveita isso.
O tem cenários incríveis, montados em uma piscina cujo fundo é repartido e móvel. Juntando isso às projeções de luzes, tudo muda a cada pouco. Baseado em água, esta apresentação usa moças do nado sincronizado e moças e rapazes de saltos ornamentais, o que comprova, mais uma vezes, que essas coisas não são esportes, mas formas de arte. A música é toda apresentada ao vivo também. Enfim, é muito bonito, muito bem coreografado, coordenado e tudo o mais. Tecnicamente perfeito. Valeu o tempo, mas não os USD 130. Mas, verdade seja dita, eu iria novamente por 20% do valor e iria feliz.
De lá, jantar no tal Stratosphere. Em palavras simples, o restaurante é uma estrutura rotativa, que dá uma volta a cada 80 minutos, localizada no 107o andar do prédio. Sim, mais alto que o Empire State. Comi uma salada ceasar e cordeiro. Mauricio Jabour tinha me dado a dica de pedir um sampler, mas fiz negócio melhor do meu jeito: gastei os exatos USD 90 que o sampler custaria, e ainda teria que acrescentar taxas e gorjetas por opções piores. De novo, valeu o tempo, mas não a grana.
De lá, fui perder alguns dólares no cassino do próprio Stratosphere e voltei para dormir.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

USA 2 - Dia 6: É errando que se aprende

Amigo leitor, o 6o dia de viagem foi bem médio mesmo, com altos e baixos.
Acordei um pouco mais tarde. A manhã oficial começava apenas às 11h, e usei o tempo para atualizar meu saldo de despesas. Deu trabalho, pois o extrato ordena as compras em ordem de aprovação e não em ordem de execução da operação. Nenhum susto oficial: há 3 despesas erradas marcadas como pendentes.
Às 11h tinha aula de jogo na roleta. Fui, pois tenho uma estratégia que aprendi há um tempo e vim aqui para testá-la. Depois da aula, onde disseram que não há nada que impeça essa estratégia, foi pra mesa de USD 5 (a menor que tem). Saí dela 40 minutos depois com lucro de USD 29. Sim, tem potencial ! Guardei uma ficha de 1 dólar como recordação. Ainda apostei 1 dólar nos caça-níqueis (slots), e estou com um ticket de USD 4 para resgatar.
Uma das tretas começo aí. Tinha um passeio ao Red Rock Canyon, com horário de partida entre 12h30 e 13h25. Fiquei esperando das 12h20 às 13h30, e pedi ajuda a um simpaticíssimo funcionário do hotel que ligou para lá. Após minutos de tensão, e antes que alguém respondesse algo útil, a van chegou. 
O passeio foi tranquilo. Visitamos um parque nacional com lindíssimas formações rochosas e vida nativa preservados. Muitos pontos de paradas para fotos das montanhas e variadas formações, inclusive uma sequência de morros de areia compactada. Lindo.
Voltei fui de carro para Fremont Street. É uma rua que teve 3 quadras seguidas transformadas em calçadão e cobertas por um telão... de 3 quadras de comprimento. É isso mesmo que você leu. E toda hora cheia há showzinhos no mesmo, durando algo entre 6 e 8 minutos. O local ainda é uma quase-balada aberta a todos, com mais cassinos, street performers (tirei fotos ótimas com uma moça), bebida e shows ao vivo. 
Na outra ponta disso fica o Heart Attack Grill, onde ia jantar. O lugar parece uma clínica, as garçonetes são enfermeiras e a comida é a coisa menos saudável que o ser humano pode conceber. Essa é a graça. Comi por lá um single bypass burger with bacon, que poderia ser traduzido como hamburguer ponde de safena simples com bacon. Bom, mas não épico. E não sabia que minha sorte acabara por ali.
Perguntei à enfermeira onde fica a loja Pawn Shop, famosa pelo programa de tv "Negócio Fechado". Ela me indicou errado. E como a região está em obras, foi um saco. Desisti e fui embora.
Banho e bora pro Luxor ver o show Fantasy. Fantasy é um.. musical com moças vestidas... tipo... a caráter. Elas fazem uma apresentação, digamos, alegre, com trajes de dimensões ehrm... diminutas. 
Querem saber ? Foi um porre. Chato, tudo igual o tempo todo, salvo uma moça que fez uma apresentação acrobática em dois grandes tecidos presos ao teto. O resto foi altamente bobo, e não se mostra mais do que peitinhos ali. Na saída, pude ver as moças de perto e, com exceção da cantora (que nunca tirou a roupa), são moças quase comuns, apenas com boa forma física e habilidade de dança. 
Bora jogar de novo, ainda no Luxor. Mesma estratégia, resultado oposto: perdi os USD 100 destinados ao passeio. Mas aprendi lições importantes sobre apostas e nem tudo está perdido (até porque a passagem de volta está paga).


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

USA 2 - Dia 5 - What happens in Vegas, stay in Vegas

Conhece o ditado, amigo leitor ? Traduzindo: "o que acontece em Vegas, fica em Vegas". Vem da tradição dos americanos casados virem para cá e, em bom português, soltarem variados tipos de franga.
Beber na rua, jogar e prostituição não são apenas coisas legalizadas aqui, mas estimuladas abertamente. Um funcionário do hotel já me ofereceu garotas de "primeira qualidade" (palavras dele, eu não conferi a mercadoria) por USD 300. Mas lembrando que este é um programa para toda a família, continuemos a narração PG-13. Foram basicamente dois passeios.
Pela manhã, fui sobrevoar o Grand Canyon de helicóptero. E se é para fazer, faça direito: virem me buscar de limosine. O fato do motorista ser argentino foi a cereja do bolo. O voo foi bastante tranquilo. São 45 minutos de ida vendo paisagens naturais belíssimas e conhecendo a história do estado. Passamos pela Hoover Dam e seguimos por cima do lago até chegar ao rio Colorado. Lá pousamos e ficamos por 30 minutos, apenas ouvindo os sons do vento, dos poucos animais e das dezenas de helicópteros que não dão sossego. Pode-se ver as várias camadas rochosas e vale um estudo mais profundo no futuro próximo. A volta é por outro caminho, e uma senhora que foi no banco da frente pediu para trocar de lugar comigo. Juro que foi ideia dela. Ainda passamos por cima de toda Strip (a rua principal de Vegas) fotografando cada cassino por cima.
A tarde, fiz compras e resolvi (acho que resolvi) problemas técnicos. 
A noite, show do Criss Angel, o melhor ilusionista da atualidade. Ágil, engraçado, inovador e, sim, mágico. Ele voa, ele teleporta coisas, ele cria dezenas de bombas, ele corta uma mulher ao meio sem rejuntar depois... O show conta com apoio de uma equipe originada do Cirque du Soleil (esses caras estão dominando Vegas) que faz algumas piadas complementares muito boas e dão alívio ao ritmo alucinado do Criss.
Depois andei a pé por toda strip, vendo os shows noturnos do Belagio e do Mirage.

Um dia, quem sabe, não sai uma "versão do diretor" r-rated desta narração, né ?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

USA 2: Dia 4 - Paraíso ou Inferno

Amigo leitor, estou filosófico hoje. Tive bastante tempo para pensar em um dos voos.
Acordei muito cedo hoje, 5h30. As malas estavam fechadas e o tanque do carro já cheio. O despertador não tocou, mas acordei com o alarme backup da câmera digital. Sinal de cansaço #1. 
Saí do hotel às 5h50, perdendo o café que seria a partir das 6h. Como abasteci na véspera, era só retornar o carro no locadora. Cheguei no aeroporto em 20 min e tudo correu muito bem. Devolvi o carro, registrando um total aproximado de 800 milhas (onde está a porcaria do recibo? sinal de cansaço #2).
Exatamente 1h antes do voo, eu estava sentado na sala de embarque. Teria dado tempo de tomar café sim, mas não tinha como saber. Voei a primeira perna até Charlotte sem incidentes. De lá, esperei cerca de 90 min pela segunda perna, rumo a Las Vegas.
Dormi, acordei, balancei, dormi, mudei de lado, acordei com sono e dor de cabeça, não dormi, mudei de lado... E eis que vem o serviço de bordo, totalmente pago. Ok, eles de dão água. O resto, paga-se. É normal as pessoas comprarem comida na área de embarque para economizar. Imagina se essa ideia chega ao Brasil, com o bom gosto e educação típicos... Ia ser uma farofa insuportável. ANAC: não permita isso, por favor. Passei alguma fome para não pagar os valores abusivos que eles cobram.
Desembarquei em Vegas, já com calor. Daí o susto do dia: uma das malas não veio. Fiquei lá até todos, exceto uma senhora cadeirante, irem embora. Claro, tinha um grupo de 12 brasileiras (todas mulheres) chegando no mesmo voo que eu, e o guia, sotaque carioca, dando dicas de dar medo para elas. Coitadas. 
Uma funcionária da US Airways ofereceu ajuda e ao ver os tickets, iniciou um processo de rastreamento. Antes que ela pudesse rastrear, uma última remessa de 3 malas chegou, sendo a minha a última. Eu que sonhava em um dia ter a primeira mala a sair, já tive a última...
Peguei o ônibus para a área de aluguel de carros e peguei meu full size vinho. Não lembro o modelo (sinal de cansaço #3). Carrão !!! Anda muito. A atendente ainda me explicou como chegar à loja Fry's, a 3 quadras dali. Errei o caminho que só envolvia curvas para um lado (sinal de cansaço #4) e acidentalmente cheguei ao meu hotel (sinal de cansaço #5).
Lá, lembrei que deveria ter feito o checkin do hotel ainda no aeroporto (sinal de cansaço #6). Na fila, achei um saco de MMs pela metade (foi meu almoço) na mochila, provando que passei fome até aquele momento a tôa (sinal de cansaço #7). O detalhe é eram 14h locais, mas 16h no relógio biológico.
Na verdade, em 4 dias, eu mudei de fuso horário 7 vezes entre 4 zonas diferentes. Levei minutos fazendo as contas...
Peguei sete pacotes de compras e subi para o quarto verificar tudo. 100% das compras previstas entregues. 
De modo bastante contemporâneo, fazendo lembrar mas sem imitar, estou hospedado em um castelo. Simples assim. Enorme, jogo por todo lado, mas ainda não pude explorar tudo.
Saí em busca da Fry's, ainda era importante. Consegui me virar com o mapa e alguma orientação espacial (era tarde e o Sol estava do lado direito, indicando que eu ia para o Sul; e ia mesmo !). 
Fry's é o que eu falava sobre paraíso e inferno. Diferente da visão cristã babaca, eu gosto da coisa um pouco nórdica, um pouco Yin-Yang e um pouco Star Wars. Na mitologia nórdica, paraíso e inferno são o mesmo lugar: um banquete onde cada pessoa não consegue alcançar sozinha a comida; se têm amigos, todos se alimentam e são felizes, mas se não têm, passavam vontade pela eternidade. No Yin-Yang, há um pouco de tudo em seu respectivo oposto. Em Star Wars, as verdades dependem do ponto de vista: uma estrela que brilha mais no exato momento em que um casal apaixonado troca o primeiro beijo é lindo, mas morar ao lado dessa supernova não é. 
Na Fry's tem tudo que pode ser alimentado por energia elétrica. Tudo. Tudo mesmo. Tirei uma foto de uma parede de placas-mãe de desktops. Tem três corredores micro componentes eletrônicos. Achei desde leitor de disquette 3 1/2" USB até filmes pornô. De conectores de áudio a sons automotivos. De painéis solares recarregadores de bateria de carro a tvs de 100" (sim, você leu certo: 100 polegadas). O paraíso e ver tudo, o inferno é ir embora com um GPS de 5 polegadas, com cabo HDMI de 25 pés e um rádio relógio.
Voltei para o hotel, onde fui abordado por um simpático segurança que veio papear e descobrir como um cara com aparência de mendigo estava andando por lá. Logo depois, a glória: parei do lado de uma mesa de craps e a croupier pediu para ver meus documentos para ter certeza de que tenho mais de 21 anos.
Fui tomar banho e, ao descer, notei que tinha esquecido a carteira no carro. Subi para pegar as chaves e fui ao carro, só para descobrir que, na verdade, a carteira estava na sacola da Fry's. Não subi, pois tinha mesas de demonstração de Black Jack (péssima) e de Craps (boa).
Daí peguei a carteira para jantar, obviamente, hamburguer. 
Agora dormir, pois tenho emoções fortes pela frente. Estou um pouco atrasado na agenda: era para ter passeado pelos cassinos hoje. Mas manhã deve rolar depois do show.
Que show ?
Aguardem.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

USA 2: Dia 3 - Atlanta

Acordei ainda tentando acreditar que fui mesmo ver Talladega. A ideia de tirar um ano sabático, comprar um trailler e viver um ano aqui perseguindo a categoria fica cada vez mais interessante. E daria um bom livro nas mãos de um bom editor.
Saí o mais cedo que consegui, pois o cansaço está pesando e tende a piorar até sábado. Vocês nem imaginam o que já tem agendado e pago até lá.
Banho, café e pé na estrada para mais 300 milhas: ida e volta até Atlanta. Vale explicar que eu não comprei nada antecipadamente, nem pesquisei tudo a fundo, pois o dia de hoje era um buffer de tempo para o caso da corrida ser adiada. Mas digo que foi um exemplo de combinação de alguma pesquisa com adaptabilidade.
Ao passar por Talladega, as boas lembranças volta novamente, e vejo algo que me surpreendeu: ainda havia centenas de trailers por lá. O pessoal simplesmente não vai embora!
Abastecei ainda apanhando o cartão e das bombas de combustível. Cheguei tarde em Atlanta, por volta de 11h30, quando o plano era 10h. Perdi alguns minutos na estrada e muitos na lerdeza matutina.
Estacionei e fui direto ao World of Coca-Cola. E de cara, uma coisa que me falaram e pude aproveitar: comprei o ingresso conjunto para o local e para visitar a CNN, a 400m dali.
World of Coca-Cola é interessante sim, vale o passeio. Conta-se a história da Coca-Cola, faz um auê danado com a fórmula secreta, tira-se foto com o urso branco, tem um salão com arte sobre e com Coca-Cola e outra com propagandas dela pelo mundo. Mas há dois destaques. Um deles é um salão para se experimentar 60 sabores da Coca-Cola Company pelo mundo. Sessenta. Bati uns 48-50, para desespero das nutricionistas que lerão isso. Mas pelo menos serviu de almoço. E a loja da marca é bastante interessante, de onde estão vindo novos suverniers e presentes.Saí por volta de 13h15.
A seguir, correi para a CNN e confirmei o horário limite, o que me permitiu um passeio intermediário: Georgia Aquarium. Outro passeio ok. Já visitei aquários melhores, o que não faz deste uma perda de tempo não. Peixes exóticos daqui, tubarões, baleias, show de golfinhos um tanto infantil e cantado pro meu gosto e lontras, sempre elas. Um tipo de animal selvagem que todos adoram e está sempre presente nesse tipo de lugar não faltou desta vez: crianças barulhentas. 
De lá, para a CNN. Um passeio que me surpreendeu, pois eu não esperava muito dele. Pude ver um estúdio de tv por dentro, vendo a produção real de jornalismo no estado-da-arte. Muito organizado, muito sério sem ser sisudo. Agradecimentos ao guia Brendan.
Jantei no Johnny Rockets um hamburguer muito cuidadoso. Impressionei-me com o carinho e cuidado que as atendentes faziam tudo. Levei um shake para o carro e pé na estrada. 
Ainda parei em um centro de compras, apenas para ver o Home Depot fechado e comprar camisetas, meias e cuecas baratas no Wal Mart. Continua ridículo: 8 camisetas por 14 dólares, e por aí vai. 
E não é que tinha uma Game Stop no mesmo centro? Parei, pedi ajudar e fui muito bem atendido, comprando 3 jogos. Notei que a moça (que fez o melhor possível para ajudar a escolher um jogo para Luciana) estava com queimaduras de sol. Sim, Talladega. De Sol, nós brasileiros ainda manjamos mais. 
E cá estou, lutando com a internet novamente.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

USA 2: Dia 2 - This is not racing. This is Talladega

Às 6h minha câmera me acorda, apenas para eu descobrir que ainda eram 5h. O hotel não tem café da manhã próprio, mas terceiriza tudo com o... Waffles House.
Tá. Pelo menos descobri que existem sausages em formato de hamburguer.
Saí do hotel rumo Talladega às 7h30. Cheguei 8h30 sem qualquer incidente, embora estivesse um frio do cão pela manhã. Estacionei na parte gratuita e fui retirar meu ingresso. Tudo perfeito. Na saída do escritório, vejo um casal falando em português. Logo fizemos amizade, tiramos várias fotos juntos. Estranhamos a pouca segurança: os dois falavam uma língua que não era inglês e nenhuma mochila foi revistada.
Lembrei da F1. Filas, comida ruim e cara, assentos duros, nada para comprar ou fazer até a hora da corrida. Só que não. O lugar é absolutamente incrível. Arquibancadas enormes e elevadas. Montes de banheiros permanentes e químicos. Montes. Comida e lojas de souverniers por todo lado: são caminhões que viajam junto com a categoria toda semana. Como um circo. Os principais pilotos e equipes tem pelo menos um caminhão com seus produtos oficiais. Alguns tinham vários. 
O clima entre as pessoas é amistoso o tempo todo. Boa vontade, educação e respeito. O fato de se ter lugar marcado na arquibancada simplifica tudo, gente.
Fomos direto ao Pit Lane, onde tínhamos acesso. De lá, tirei uma infinidade de fotos. Fotografei exatamente cada carro pelo menos uma vez. Montes de fotos do #88, meu preferido. Foi quando me perdi do casal brasileiro. Lamento.
Entrei atrás do muro e continuei dali. Cheguei a subir em uma das estações dos chefes de equipes (escolhi o #43, pole position, por a equipe ter fama de divertida). Só depois descobri que eu não tinha credencial para estar ali. 
Assisti o desfile militar e fui comer algo, pois estava perto da hora da corrida: corn dog e 2 refris. 
E então vou para o meu lugar esperar a corrida para dali a minutos. Oração, hino. E eis que chega o momento em que o grand marshall convida a todos a gritar "ladies and gentleman: start your engines".
O ronco atravessa os ossos, gente. São 30500 cavalos de potência distribuídos em 43 carros, bem na minha frente. E pra piorar bate vento da pista para a arquibancada, trazendo o cheiro do combustível. Chorei, e nem tentei conter, como quando estive na Disney em USA 1.

Quando os carros saem do pit lane, o chão treme. Mesmo. Eles dão algumas voltas e a ação começa.
Corridaça. Uma bandeira amarela no começo, por motor quebrado, quebrou um pouco o clima. Mas depois foi uma longa sessão de bandeira verde, com predomínio dos carros #31, depois #20, depois #48 e depois #88, para delírio do público. Aliás, os pilotos mais populares são #88, seguido de longe pelo #24, depois, em mesmo patamar, #14, #48, #20. Os demais, juntos. No entanto, os pilotos #18 e #2 tem média negativa. Curioso, não ?
Muitas trocas de posição e ficou interessante ver que as filas duplas ou triplas se desfaziam nos momentos próximos aos pit stops.
Não havia nenhuma estratégia especial. Na volta 80 (aprox.), o #42 bateu no #9. Não vi, mas empilhou todo mundo de novo. 
O #24 estava fazendo uma prova horrível, disputando arduamente a 33a colocação com o #55. Vai nessa: depois da penúltima rodada de pit stops, estava em 2o, atrás do #88. E tudo ia bem para o #88 até algo errado (também não vi pois estava longe) acontecer no último pit stop. E ele cair para 16o faltando 25 voltas.
E veio atrás, gente. Veio passando todo mundo. A 15 voltas do final estava em 2o, colado no #1. Pressionou o que pode, pois a corrida estava em fila única, e mudar de fila sem aliados significa ser ultrapassado por todos que não te ajudaram.
Estávamos todos em pé esperando a ultrapassagem que alegraria 160 mil pessoas. 
E na última volta, um enrosco no top-5 fez a prova terminar em bandeira amarela, uma curva antes do #88 tentar ganhar a posição. Terminou em 2o mesmo.

De lá fui fazer compras; agasalho, miniaturas, mais lembranças para pessoas queridas. Saí de lá uma hora depois da prova terminar. O congestionamento seguia até por umas 10 milhas até uma ponte de duas pistas, pois depois dela tudo ficou livre. Ainda assim, os congestionamentos americanos não ao anda-para (ou para-para): anda-se a 15 milhas por hora. 
Voltei a Birgmingham. Fui ao Walmart fazer compras prometidas, inclusive algo que deixará um certo estagiário feliz e gordo. 
Jantei salmão no Captains DP. Gostoso, mas o atendimento... Não me deram minha salada, recebi 2 garfos sem faca e um quilo de gelo no refri. 
Passei em uma loja de conveniência para comprar uma breja Cool's de 720ml e cá estou, escrevendo.

USA 2: Dia 1 - A Fuga das Baratas

Escolhi o título intencionalmente, pela dificuldade de se interpretar o termo "fuga de..." em português. Tanto pode significar que o "de... " fugiu ou que do "de..." se deseja fugir. Em inglês, os termos são completamente diferentes.
Enfim, tinha uma barata no quarto. As 32 horas sem refeições decentes, 4 horas dormindo chacoalhando nas últimas 40, 3 fuso-horários visitados e 400 milhas dirigidas precisavam ficar de lado. 
Comecei a processar o cenário. Havia um chinelo em uma das malas, mas eu certamente erraria a escolha de qual abrir primeiro, dando tempo para a maldita se esconder. Pior é que ela era pequena. Arremessei itens na pia onde ela estava e ela foi ao chão. Pisei 3 vezes até ela morrer (sim, eu fiz auto-terapia por anos para conseguir fazer isso). 
Era hora de brigar. 
Recolhi a mesma com uma toalha e levei até a recepção (sim, eu também fiz auto-terapia para isso, e meu amigo André Ryoki deve estar tendo chiliques ao ler isso). Fui pedir por outro quarto, o que era algo bastante amigável da minha parte. Porém,  atendente explicou que não havia nenhum: não era apenas a corrida no dia seguinte, mas 2 outros eventos enormes no mesmo fim de semana (um era um jogo de futebol da Universidade do Alabama, o outro não entendi o que era). Ele ofereceu cancelar minha reserva sem custo, embora fosse improvável que eu achasse outro hotel, ou mudar meu quarto no domingo a noite. Eu disse que precisava pensar, e curiosamente, ninguém se alterou em momento algum.
Fui para o carro, local seguro, e comecei a pensar. Formulei planos A, B e C. A era trocar de hotel, altamente improvável. B era ir a um Walmart e comprar inseticida, dedetizando eu mesmo o quarto. C era me conformar. Nesse momento, senti a camiseta mexer dentro do agasalho e pulei de susto. Ok, o plano C é uma bosta.
Parti em busca de um hotel. Lotado, lotado, lotado e... lotado. Quatro falhas. Já estava indo para o Walmart quando esbarrei o Econolodge, que surpreendentemente tinha 4 quartos. Expliquei o caso para a atendente Nicole (quase propus ela em casamento, tamanha a alegria) e fui tentar cancelar a reserva no Baymont. Pelo menos, o rapaz de lá foi profissional e não criou nenhum caso.
Levei tudo ao Econolodge e fiz checkin. Mas quando ela perguntou se eu queria uma diária ou três, meu cérebro, finalmente, pifou. Foram 2 voos, um bastante estressante, 400 milhas de carro, chuva, imigração, senha de cartão, CNH e uma barata. O localizador mental capotou, o coprocessador matemático foi para Andrômeda, provavelmente aconselhado pelo localizador mental, e os sistemas morais estavam inoperantes. Até os movimentos peristálticos pararam, até para não me lembrar da fome. Entrei em modo de segurança. 55% do processamento faziam o coração bater e os pulmões funcionarem em operação mínima e alternada. Os outros 45% me permitiam falar algo remotamente parecido com inglês. Acho que optei por 3 dias. Acho que custou 210+ dólares de Singapura, ou algo assim. Acho que a moça me achou simpático.
Desci para comer algo no Waffle's House ao lado do hotel, o que se provaria um erro estratégico. Comi um waffle com bacon e sem manteiga, para espanto da atendente.
No quarto, descubro que a internet não tem senha, o que me impede de acessar o extrato do meu cartão. Mas funciona razoavelmente. Dormi 4 horas sonhando com a corrida do dia seguinte.

USA 2: Dia 1 - Charlotte

Antes de começar, perguntaram "Por que USA 2 ?". 
Estive aqui em 2011, antes deste blog nascer. Pena, mas quem sabe eu não busco tudo da memória um dia, não ?

Depois de liberar o carro na Hertz, programei lá mesmo o GPS para o Hall of Fame. E assim que saio do lugar, com menos de 1 milha rodada, quase bato o carro de frente em um cara na contra mão. Ele fez sinais me acusando e seguimos. Fiquei na sincera dúvida de que fez a cagada...
Cheguei bem cedo, 9h20, sendo que o local abria às 10h. Chovia leve, e mesmo sabendo que Talladega fica a 500km dali, deu um medinho de chover na corrida. 
Resolvi matar o tempo passeando a pé e dei de cara uma surpresa. Havia uma enorme passeata de alerta contra o câncer de mama. Aqui nos USA está rolando uma campanha fortíssima chamada pink october (outubro rosa) para alertar as mulheres sobre o tema. Ruas interditadas e alguns milhares de pessoas no evento. Ou seja, viajei milhares que quilômetros para ver uma passeata, como se não houvesse suficientes no Brasil...
O local abriu mais cedo e logo comprei minha entrada, mas não sem mais um susto: minha CNH simplesmente não estava na carteira. O rolo potencial disso era enorme: poderia ser preso se parado sem ela ou, no mínimo, não alugaria o carro em Vegas daqui uns dias. Mas não havia razão alguma para parar o passeio: se ela sumiu, sumiu. E se deixei em algum lugar, era na Hertz. Bora passear.
O Hall of Fame é maior do que eu esperava. São 5 andares de atividades em geral. Réplicas de carro todos os tempos, videos, material preservado, totens interativos com informações sobre pilotos, equipes, corridas, pistas, inovações e histórias. Fiquei apenas 3 horas ali, e poderia perder um dia inteiro. Tive que encurtar. Destaque para o simulador de corrida, onde honrosamente venci minha bateria contra outros 8 caras. Montes de fotos e uma notícia boa e ruim: todos os modelos em exposição serão trocados em janeiro. Voltarei, portanto.
Fiz compras na loja, onde ainda estava preocupado com a senha do cartão. Mas passou. Agora estou com meu cartão de débito liberado, mas creio que não posso errar a senha por já ter errado duas vezes no Rio. Comprei 2 camisetas, adesivo para o meu carro, itens de casa e dois suverniers para pessoas importantes.
Com fome, mas tenso por causa da CNH deixei o local às 13h e voltei ao carro, onde vasculhei todo ele em busca da CNH. Nada. Programei o GPS para voltar à Hertz e perdi uns 20 minutos nisso. Entrei e, tão logo estacionei o carro para entrar no escritório a porra da CNH brilha no chão do carro, lado do passageiro. Foi só para me irritar mesmo, totalmente gratuito. 
Missão cumprida, saí de lá rumo ao Alabama. Curiosamente, passeio novamente no local do quase-acidente de mais cedo, e nesse momento tive a convicção de que eu estava certo da outra vez.

Comecei a viagem por 4 estados às 14h. Relaxado com a recuperação da CNH, lembrei que estava com fome. Não fazia uma refeição séria desde o almoço do dia anterior (desde então, eu comi um pão de queijo, um jantar de frango e um café da manhã (estes dois no avião), e a coisa estava feia). Mas eu ainda tinha cérebro para ter boas ideias e programei o GPS para algo de grande significado para mim: Jack-in-the-Box.
Há fatores nisso. O primeiro, é uma referência familiar muito antiga (1980-1986), pois era uma rede que a família toda, pai e mãe inclusos, gostava, e onde fiz meu aniversário de 12 anos (aquele no qual Roberta Schneider me deu o disco We are the World). O segundo é que eu já tinha esse objetivo na viagem USA 1, mas a rede não em lojas na Flórida. E essa foi a única falha daquela viagem, o que significa terminar aquele ciclo. O terceiro é que estava muito bom o bacon cheeseburger com batatas curly
Pé na estrada, e descubro que o Sul dos USA não é a Flórida. Só neste dia eu dirigi 400 milhas, quase tanto quanto em toda anterior (520). Ao contrário do que eu pensava, o americano dirige de modo muito mais parecido com o brasileiro do que com o inglês. Pouca gente respeita o limite de velocidade (80%+), mas alguns fazem questão de respeitar na faixa da esquerda para encher o saco. Os acidentes não acontecem por alguns motivos que se somam: estradas mais largas, curvas mais amplas, visibilidade melhor, asfalto melhor conservado (motivo principal), carros melhores e menor diferença de velocidade (segundo motivo). Explicando este último, os caminhões daqui, como na Inglaterra, são velozes, não raro ultrapassando eles também o limite de velocidade. Isso é bom: ficar atrás de um caminhão não atrasa sua viagem como no Brasil, então ninguém precisa forçar a passagem por eles. 
Por volta de 15h30, sem que nada chamasse a atenção para isso, Troquei a Carolina do Norte pela do Sul. Precisamente às 17h07, entrei na Geórgia. Passei ao largo de Atlanta, região que tinha uma interessante rádio de rock clássico, justamente na frequência 97,1 FM. Só os fortes entenderão a referência. A estrada também passa por um parque Six Flags: a conferir em outra oportunidade. 
O Alabama apareceu às 19h50 e vivi uma experiência curiosa: era a primeira vez na minha vida que eu trocava de fuso horário por via terrestre. É completamente bisonho você, de repente, descobrir que arbitrariamente é uma hora mais cedo. Falarei disso outro dia, sobre a percepção psicológica do tempo e da hora.
A esta altura, percebi que pode-se quadricular o mapa dos USA em quadrados de 10 milhas. As intersecções são os McDonalds. Reduza para 2 milhas em trechos urbanos. Impressionante.
Segui Alabama adentro, faltando ainda 96 milhas para Birgmingham. A 51 milhas do destino, passeio por Talladega. Dava para ver as arquibancadas semi-iluminadas e vazias à noite. Emocionei-me muito, e contive as lágrimas por pouco. Amanhã eu estaria lá para valer. 
A chegada a Birgminham (Vestavia para ser exato) correu sem sustos, pois o GPS aqui é coisa séria. O único porém é que as estradas aqui estão todas em obras, e a velocidade vai sendo reduzia de boas 70 milhas por hora para pentelhas 55. O acesso ao hotel Baymont Inn é muito fácil e logo estava nele para o checkin.
Bem... O dia não termina assim, mas optei por quebrar a narração de modo a deixar o leitor interessado no próximo capítulo ao interromper neste parágrafo. O checkin correu sem nenhum tipo de stress e fui para o quarto com minhas malas. Acho curioso esse esquema daqui de que todo quarto tem duas camas de casal. Espaçoso e aconchegante, fui ver a pia e o banheiro, apenas para descobrir que o quarto já tinha um hóspede: uma barata.