sexta-feira, 27 de abril de 2012

Racismo Oficial

Apenas com o título deste texto já diz de modo resumido o que penso. Mas para quem não acompanhou o tema, o STF julgou constitucional o sistema de cotas raciais para seleção de candidatos adotado em universidades, na UNB em particular. A decisão me surpreende, em parte pelo conteúdo e em parte pela corte.
Comecemos pela última, examinando o artigo 5º da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Será que nossa mais alta corte perdeu tanto assim o rumo? Puxa vida, será que só eu sei ler? O que fizeram foi, simplesmente, rasgar a Constituição Federal. E não é uma questão racista da minha parte (tratarei desse tema mais à frente), mas é aceitar como válida uma regra que discrimina de fato os vestibulandos, separando-os não pode desempenho como se poderia esperar, mas por etnia. E por etnia declarada ainda por cima, o que torna totalmente pessoal um critério por vezes subjetivo.
Analisando a lógica das cotas, fica ainda pior. A conceituação é a de que os negros afro-brasileiros e pardos têm salários menores do que a média. Ok, isso é fato. Uma parte do problema está originado em uma menor escolaridade média. Fato também. Então reserva-se uma parcela, 20% no caso, das vagas universitárias para eles, de modo a melhorar a condição desses para que, em uma ou duas gerações igualemos esse perverso racismo sócio-econômico.
Uma ou duas gerações? Sessenta anos para ver se uma medida isolada resolve séculos de discriminação? Acreditar nisso é burrice aguda.
Os mesmos estudos que apontam os dados acima também observam que negros (sim, vou usar esse termo) e brancos com funções iguais recebem salários diferentes. Quanto a isso, ninguém faz nada, né? Uma lei que proibia a diferença salarial em bases sexistas foi recentemente debatida do Congresso Nacional. Mas resolver essa parada é de uma simplicidade que até dói nos ossos: proíba-se qualquer discriminação salarial que não tenha por base o desempenho do trabalhador, com pesadas multas para os infratores, e essa parte do problema se resolve no curtíssimo prazo. Os filhos desses trabalhadores já estudarão em igualdade de condições agora, e não em 2072. Em poucos anos, serão candidatos equivalentes nos vestibulares e a coisa caminha naturalmente.
Outro problema muito mal enfrentado é que as universidades públicas atendem aos ricos capazes de dar boa educação e cultura para seus filhos passarem nos exames vestibulares. Então não se trata de um problema étnico, mas econômico. Se fosse para haver cotas, que fossem baseadas na renda familiar, menos polêmica e mais fácil de aferir.
Para piorar, isso vai gerar duas novas categorias de racismo. Por um lado, o estudante não incluso na cota que perder sua vaga para um incluso com nota menor ficará, na melhor das hipóteses, ressentido pelo fato. Por outro, a competência dos negros formados estará permanentemente sob vigilância: "será que ele é bom mesmo ou é apenas cotista ?". Eu mesmo ouvi frases altamente desabonadoras de um enfermeiros sobre os "cotistas", por medo do diploma dele ser desvalorizado. Ele mesmo, negro até á última gota de melanina. Legal, né ? Agora os negros têm uma rixa interna para resolver: cotistas x não-cotistas.
O sistema de cotas já foi adotado e abandonado em outros países, como Estados Unidos. Não funcionou e se sabe muti bem porquê.
Em resumo, consegue-se, com uma única medida infeliz, desrespeitar a carta magna, baixar o nível médio dos estudantes universitários (pelo menos do ponto de vista de preparo para o vestibular), desvalorizar os diplomas universitários dos negros e ainda criar uma briga entre os negros.
Estou até me perguntando de que lado as autoridades estavam ao criar essa ideia.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 5: Deus está morto

Admita, caro leitor: é um título chamativo, não ? Ainda mais parafraseando Nietzsche.
Desde já admito que a afirmação é exagerada, mas não totalmente fora de propósito. E isso nada tem a ver com minhas (des)crenças pessoais.
O ponto central é o fato de não existir dimensão tempo no Big Bang. A ausência dela faz desmoronar as cadeias de eventos e, por conseguinte, o conceito de causa e efeito. Um evento não pode ser causa nem consequência de outro se não existe tempo.
E daí ?
E daí que sem causa, o universo não tem um criador nem sequer uma criação. São conceitos íntimamente ligados à passagem de eventos em cadeia. Deus não criou o universo pois não houve criação.
Não se trata de uma questão filosófica per se. Isto não é um folhetim do movimento ateu. É apenas a consequência inexorável de uma enorme cadeia de descobertas científicas. Só isso.
O leitor de formação mais religiosa pode, caso seja um sujeito maduro e paciente, perguntar coisas ligadas a essa afirmação sem precisar perder as estribeiras. Vamos às principais e mais naturais:
P. Você está afirmando que deus não existe ?
R. Não. Esse tema está fora do escopo desta série de artigos. Pessoalmente, entendo que o conceito de deus não faz o menor sentido, mas isso é uma percepção pessoal que envolve diversos outros aspectos do mundo.
P. Quem criou a vida ? Quem criou o homem ?
R. Outras questões bastante interessantes, mas novamente fora do escopo deste estudo. É possível que deus ou deuses existam, que tenha criado a vida e o homem e que até realmente se importe com o que você faz com 10% do seu salário todo mês. Mas não tratei desse assunto aqui.
P. Está tudo errado! Deus estava lá para criar o tempo. É por isso que aconteceu o tal Big Bang, entendeu ?
R. Essa é a interpretação bíblica do Big Bang que coloca a matéria, e não o espaço-tempo, em um único ponto na prigem de tudo. Se assim fosse, o espaço-tempo existiria independentemente da matéria e poderia sim haver uma entidade externa a essa matéria, mas coexistente no mesmo espaço capaz de fazer isso. Mas não é assim que as coisas aconteceram: já se descobriu que essa interpretação simplista do Big Bang é equivocada. Por favor, releia.
P. Quem você acha que é para dizer que o deus fez\ ou deixou de fazer ?
R. Ninguém. Estou apenas compartilhando com os leitores as descobertas feita, nenhuma das quais de minha autoria. Você é livre para dizer que isso tudo é besteira, que o homem não é descendente do macaco e que a Terra é plana e o Sol gira em torno dela.
Com isso encerro esta saga. Espero ter trazido algum tipo de iluminação para os leitores. E espero que vocês tenha se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 4: A Teoria do Big Bang

Qualquer pessoa que já debateu, ainda que por breves momentos, a origem do Universo já estudou, comentou ou citou a Teoria do Big Bang, a mais conhecida tese sobre como surgiu tudo. Se perguntarmos a uma pessoa qualquer do que se trata essa teoria, a resposta sairá mais ou menos assim:
"Ah... É a origem de tudo. Muito tempo atrás, toda a matéria estava concentrada em um único ponto. Então, uma grande explosão aconteceu e tudo começou a se afastar. Partes dessa matéria posteriormente se agruparam em galáxias e dentro delas em estrelas.".
Com todo o respeito, duvido que o leitor tenha detectado o erro da definição acima. na realidade, a versão acima é um tanto... bíblica. Vejamos uma defiição ainda simplória, mas mais correta.
"É a teoria segundo a qual o Universo estava compactado em um único ponto antes de uma expansão acelerada que ainda está acontecendo."
Pergunto se o leitor percebe a diferença entre as duas versões. Em caso negativo, segue a sutileza: enquanto a primeira versão coloca toda a matéria em um único ponto a segunda coloca todo o espaço-tempo em um único ponto. Não é a mesma coisa, nem sequer é parecido. Como veremos na próxima parte, a consequência dessa mudança é brutal em termos filosóficos.
Para uma melhor compreensão, retomo a analogia da bexiga de festa. Imaginemos uma bexiga azul, com bolinhas amarelas (uma singela homenagem musical). À medida em que sopramos a bexiga, as bolinhas vão se afastando umas das outras. Mas elas jamais deixaram de pertencer à superfície da bexiga. Quando a bexiga estava menor, as bolinhas estavam mais próximas porque a bexiga estava menor, e não porque elas pudessem se mover mais e ainda não o haviam feito. Nao é a mesma coisa que uma mosca voando dentro da bexiga: é preciso pensar que apenas a superfície da bexiga é um local "válido" de se pensar: o interior "não conta".
Assim, já deixando um link para a quinta e, creio, última parte, temos que pensar em um universo com todas as suas dimensões compactadas a zero. É até fácil pensar no espaço zerado: simplesmente não há espaço. Nada se move pois não há para onde se mover. Quando descrevi espaços uni, bi e tridimensionais na primeira parte desta saga, era simples desconsiderar as demais dimensões. A ideia agora é a mesma, banstando-se desconsiderar todas. Não é complicado, embora um pouco claustrofóbico.
O bixo pega quando não há dimensão-tempo. Não é uma questão de o tempo estar parado, é um a questão de não existir tempo e ponto final. Não há eventos, não há fatos, não há nada. Falta até mesmo um tempo (tá vendo como estamos presos a ele ?) verbal adequado para se descrever isso, pois nossa linguagem está presa a nossa percepção, não podendo ser maior do que aquela. E como percebemos o tempo como uma moldura na qual os eventos ocorrem, é incrivelmente complicado falar em um cenário sem essa base de sustentação imaginativa.
Amanhã termino esta saga com um gran finale especial.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 3: Tempo e Espaço

Nas postagens anteriores, estive aqui comentando o formato do universo e as características do universo. Hoje o comentário é sobre o espaço-tempo, conceito amplamente difundido e ligado à Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
Curiosamente, a origem da Teoria da Relativadade vem de outros ramos da física, notadamente a Termodinânima e o Eletromagnetismo. A confusão toda começou na segunda metade do século XIX quando Maxwell desemnvolveu as equações que regem o magnetismo. Diferentemente da Mecânica Celeste, o Magnetismo é um ramo da física que faz uso de objetos bem menores para serem experimentados e observados. E os cientistas têm essa mania asquerosa de testar e comprovar tudo o que vêem pela frente antes de acreditarem. Testaram, com Lorentz como principal opositor da nova teoria. E a teoria se mostrou sólida.
Em paralelo, acontece que ela gerou uma contradição com a Mecânica Celeste. Se não existe um referencial absoluto, conforme Galileu havia proposto séculos antes, a velocidade luz deveria variar em caso de mudança de ponto referencial. Maxwell já havia derrubado o conceito de velocidade infinita para uma finita e conhecida, os famosos 300 mil quilômetros por segundo.
O segundo teste de consistência foi capitaneado por Hertz, que propunha que o sistema onde aconteciam os fenômenos eletromagnéticos, o éter, seria arrastado consigo quando em movimento. E isso não era observado. Para piorar as coisas, Michelson e Morley desenvolveram uma maneira de medir a velocidade da luz que chega à Terra. A Terra se move a cerca de 30 km/s no espaço em torno do Sol, e a precisão da medição finalmente atingia isso. E qual não foi a surpresa de se observar que a velocidade da luz paralela e perpendicular ao movimento da Terra era a mesma !
Só Einstein teve a ideia certa, já no século XX. Não era Maxwell quem estava errado, mas o Tempo. Einsteins postulou que a velocidade da luz seria constante e o tempo é que deveria se ajustar a esse postulado. Bem, resumindo alguns capítulos, isso se provou correto.
Como consequência, era impossível um objeto se deslocar instantaneamente de uma coordenada para outra, pois violaria o limite de 300 mil km/s. Para que isso fosse verdade, era preciso reentender o universo colocando o tempo como uma dimensão sobre a qual estamos em constante deslocamento.
Isso inclui uma quinta dimensão às quatro que já citamos anteriormente ao formato do universo. E, lembrando que as dimensões estão interligadas como descrito na segunda parte, o que acontece se compactarmos as dimensões até zero, ou como se diz na Física Relativística, até uma singularidade ?
Amanhã voltamos a isso.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 2: Características do Universo

Na postagem anterior, falei coisas complicadas como hiperesfera, espaço em três dimensões sem bordas e coisas assim. Não sei se todos que leram entenderam, mas peço que a descrição dada seja aceita para darmos seguimento a essa interessante análise. Nesta parte, veremos de modo mais simples as propriedades dimensionais do universo.
Na verdade, trata-se de algo simples de entender. As dimensões estão interligadas, de modo que não se pode alterar uma sem alterar as demais. Pensemos nas duas caracterísitcas principais de um círuclo: raio e circunferência. Todo mundo sabe da famosa relação circunferência = 2 x pi x raio. Todo mundo sabe isso.
Se apertarmos o raio, a circunferência diminui. Se quisermos aumentar a circunferência, o raio também precisa aumentar. A área do círculo, conhecida como pi x raio x raio também é afetada de modo similar. Óbvio, não ? Naturalmente, o mesmo vale para esferas e hiperesferas.
É mais fácil com um exemplo cotidiano e acho que nenhum supera o guarda-chuva. Ao se abrir um guarda chuva, as hastes presas ao cabo empurram as hastes com o pano até seu limite. O raio vai aumentando e com isso a área coberta aumenta junto. A mesma ideia, no sentido oposto, ocorre quando fechamos o guarda chuva.
"Mas o pano não se compacta, apenas se dobra", pode pensar o leitor. De fato, pois trata-se de um objeto tri-dimensional no qual estamos analisando um feito bi-dimensional. É apenas uma visualização para entendermos o que vem a seguir.
Outro exemplo bacana é a bexiga de festa. Se colocamos mais ar, o raio aumenta e ela cresce como um todo. Não de modo regular, mas toda ela crescer.
Até aqui tudo bem ?
Daí decorre que todas as dimensões estão interligadas. E em um espaço quadri-dimensional como o nosso, uma compactação ou expansão do hiperraio produz efeito análogo no espaço da hiperesfera.
É neste ponto em que eu queria chegar no texto de hoje: já hávia sido dito que o universo tem quatro dimensões espaciais, e agora observa-se que as dimensões espaciais estão interligadas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 1: O Formato do Universo

Esta é a primeira parte de um assunto longo, complexo e incrivelmente interessante. Conter-me-ei ao máximo para não lhe contar o final antes do devivo momento, mas prometo algo bombástico para quem não está familiarizado com o assunto.
Nesta primeira parte, vamos ter que usar alguns termos de Geometria Espacial. Não acho que seja tão complicado, exceto a parte que chamarei carinhosamente de "salto dimensional". Já vi essa explicação ser apoiada em desenhos e figuras, mas considero isso um erro, justamente pela consequência do tal salto dimensional. Peço que o leitor me acompanhe nesta jornada. Para tanto, vamos partir da ideia na qual o observador é um ponto, no sentido euclidiano da palavra: ínfimo, sem dimensões, capaz até de se sobrepor a outro de sua espécie.
Coloquemos o observador em uma reta. Uma reta tem apenas uma dimensão. Pode-se caminhar sobre ela para os dois sentidos, indefinidamente. Mas é só o que existe: uma dimensão. A reta pode ser finita, tendo início e fim, o que a torna um segmento de reta, como uma régua. Mas continua uni-dimensional. No entanto, podemos com ajuda de uma segunda dimensão, dobrar essa reta em uma curva simples ou sinuosa. Se o observador continua percebendo apenas uma dimensão, ele ainda não pode ver para além da reta, mesmo que esta faça curvas. É como um carro em uma estrada: parece ser algo de uma dimensão, mas tem duas. Podemos agora dobrar um segmento de reta até que as duas extremindades se encontrem, formando um círculo, por exemplo. Uma nova propriedade surge: o segmenmto é finito, como antes, mas deixa de ter bordas. É possível caminhar em uma direção e voltar ao ponto inicial, no popularmente conhecido Efeito Pacman. Se for inteligente, o observador deduz a existência de uma dimensão que dobra a dimensão que ele é capaz de perceber. O exemplo do círculo não precisa ser literal, pode ser uma figura irregular, como uma pista de corridas.
Tudo bem até aqui ? Então ganhemos uma dimensão a mais agora e, se me permitem, editarei meu próprio texto.
Coloquemos o observador em um plano. Um plano tem apenas duas dimensões. Pode-se caminhar sobre ele nas duas direções indefinidamente, e de modo combinado. Mas é só o que existe: duas dimensões. O plano pode ser finito, tendo bordas, o que a torna um segmento de plano, como uma folha de papel ou uma pizza. Mas continua bi-dimensional. No entanto, podemos com ajuda de uma terceira dimensão, dobrar esse segmento de plano em um objeto simples ou sinuoso. Se o observador continua percebendo apenas duas dimensões, ele ainda não pode ver para além do plano, mesmo que este faça curvas. É como um barco em um oceano: parece ser algo de duas dimensões, mas tem três. Podemos agora dobrar um segmento de plano até que as extremindades se encontrem, formando uma esfera, por exemplo. Uma nova propriedade surge: o segmento de plano é finito, como antes, mas deixa de ter bordas. É possível caminhar em uma direção e voltar ao ponto inicial, no popularmente conhecido Efeito Pacman. Se for inteligente, o observador deduz a existência de uma dimensão que dobra as duas dimensões que ele é capaz de perceber. O exemplo da esfera precisa ser literal, pode ser uma figura irregular, como a superfície da Terra.
Estou me repetindo? Bem, então chegou a hora de complicar Ganhemos uma dimensão a mais agora, com direito a um tylenol em caso de dor de cabeça ou tonturas.
Coloquemos o observador em um espaço. Um espaço tem apenas três dimensões. Pode-se caminhar sobre ele nas três direções indefinidamente, e de modo combinado. Mas é só o que existe: três dimensões. O espaço pode ser finito, tendo bordas, o que a torna um segmento de plano, como uma bola ou um tijolo . Mas continua tri-dimensional. No entanto, podemos com ajuda de uma quarta dimensão, dobrar esse espaço em um objeto simples ou sinuoso...
Na verdade isso não tem nada de simples. Nossa mente só percebe três dimensões e este salto de imaginação faz queimar neurônios. Se o observador continua percebendo apenas três dimensões, ele ainda não pode ver para além do espaço, mesmo que este faça curvas. Aqui não tem o "é como" do ponto de vista real, pois ainda não chegamos lá. Na ficção científica, seria uma nave espacial viajando n espaço. Podemos agora dobrar um segmento de espaço até que as extremindades se encontrem, formando uma hiperesfera, por exemplo. Não, não dá para desenhar uma. Uma nova propriedade surge: o segmento de espaço é finito, como antes, mas deixa de ter bordas. É possível caminhar em uma direção e voltar ao ponto inicial, no popularmente conhecido Efeito Pacman. Se for inteligente, o observador deduz a existência de uma dimensão que dobra as três dimensões que ele é capaz de perceber. O exemplo da hiperesfera precisa ser literal, pode ser uma figura irregular, como é o nosso universo.
Viu só ? Se você entendeu esta explicação, você é o observador inteligente.
Na próxima etapa, vamos discutir algumas propridade de nosso universo com quatro dimensões espaciais. Mas para terminar de tirar sua tranquilidade, já adianto que a quarta dimensão não é o tempo, embora ele seja sim uma dimensão.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Aborto

O tema ainda está fervendo nas redes sociais e fóruns de discussão em geral. Uma parcela da população é favorável em graus variados e a outra é contrária. Simplesmente não há concenso.
Mas o que me entristece é o envelhecimento dos argumentos. Lembro de participar de discussões sobre aborto desde pequeno. Minha escola promoveu esse debate quando estávamos na 6a série. Fiquei até surpreso na época, por ser uma escola católica. Lembro daquela atividade e percebo que hoje são os mesmos argumentos que as crianças de 11 a 12 anos que éramos usamos em 1986. Provavelmente, são os mesmos argumentos desde...sempre.
Aqui, faço um aparte positivista. Hoje eu entendo a natureza daquela atividade escolar. Ela não visava chegar a algum resultado, na medida em que resultado não há. Mas visava duas coisas muito importantes: fazer com que cada participante conhece o tema e, por consequência, tomasse um lado do dabete, qualquer que fosse e, numa camada mais sutil, incentivar o desenvolvimento da oratória. Inegáveis avanços.
De volta ao tema, li há pouco a coluna de Hélio Schwartsman na Folha Online:
Sou fã do Hélio há alguns anos. Até quando discordo dele, é uma leitura agradável. No dia de hoje, não que seja o caso de criticar, mas acho que faltou "finalizar", como se diz no MMA. Hélio discorre sobre as diferenças mentais entre conservadores e liberais. Interessantísimo e, admito, me fez repensar uma coisa ou duas sobre como lidar com conservadores.
Porém, Hélio podia ter ido mais longe. O grande problema apontado no artigo é a diferença dos componentes morais dos dois lados, que fazem com que um queira fortemente proteger a vida em potencial de um feto, enquanto a outro não enxerga realidade no potencial.
Então entra a questão do respeito, ou tolerância como está mais na moda. Os dois lados não vão se entender mesmo, então é melhor aceitar e viver com essa diferença. O problema surge quando um lado quer impor seu modo de agir ao outro. E me desculpem os conservadores, mas é isso que os senhores estão fazendo com os liberais ao restringir o aborto. Em resumo, "Se não quer, não faça. Mas não se meta na vida dos outros". Esse sim é um argumento novo, provavelmnte datado do surgimento da segunda religião humana, que certamente entrou em choque com a primeira e foi por ela reprimida. Provavelmente há uns 8 mil anos ou mais.
Essa é minha tristeza do dia. Já enviamos 12 seres humanos a outro corpo celeste, tripicamos nossa expectativa de vida, dominamos todos os continentes, curamos grande parte das nossas doenças, calculamos bilhões de casas decimais de pi e ainda não conseguimos deixar o vizinho em paz.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Aviso

Aviso às senhoras e senhores Stephen Hawking, John Cleese, Nigel Mansel, Paul McCartney, Lewis Hamilton, Jason Statham, Rowan Atkinson, David Beckham, Eric Idle, Ron Dennis, Terry Gilliam, Jenson Button, Sebastian Coe, Daniel Radcliffe, Damon Hill, Alex Ferguson, Guy Ritchie, Terry Pratchet, Elizabeth Alexandra Mary e David Camaron (entre tantos outros genios dos mais variados temas): dia 8 de setembro chego de visita a vosso país.
Chá, por favor ?

Como irritar um fã de automobilismo

Pode parecer um tiro no pé, mas juro que vou dar essas dicas.
Não tem um fã de automoboilismo, qual(is)quer que seja(m) a(s) categoria(s) que não tenha tido problemas com familiares, amigos, esposas, maridos, namorados ou namoradas por causa dessa paixão. O ser humano é altamente incapaz de entender aquilo que não gosta (ou seria de gostar daquilo que não entende ?). De não gostar para não respeitar é um passo tão curto que até se misturam as situações. Então vão aí umas dicas de como você pode enlouquecer um fã de automobilismo sem precisar de grande esforço intelectual.
  • Chame a corrida de autorama.
"- Ai querido, você vai mesmo ficar vendo esses carrinhos de autorama na televisão a manhã toda ? Que graça tem isso ?"
Tem TODA graça. Automobilismo é o resultado de um trabalho de dezenas ou centenas de pessoas para criar uma máquina dentro de regulamentos complicadíssimos mas que, no final, deve ser tudo controlado por um sujeito sozinho, com outros tantos iguais a ele tentando arrancar seu fígado durante a corrida. Nós admiramos esses caras e sua capacidade de regular os freios do carro em uma reta a 315km/h, trocando marchas e ainda olhando no retrovisor se algum engraçadinho vai tentar passá-lo.
  • Pergunte coisas óbvias
"- Quem tá ganhando ?"
Caramba, a gente tá fazendo contas para saber quantas voltas dura esta janela de combustível, para saber se nosso piloto/equipe preferido está em boa situação na corrida, enquanto acompanha os tempos volta a volta de 3 competidores a frente e 8 atrás e vem alguém perguntar uma coisa que está na porcaria da tela ! Ah, isso irrita sim.
  • Pergunte quanto tempo falta
"- Tá acabando? Falta muito?"
O automobilismo, felizmente, não concorre com a audiência da novela. Ufa. Mas isso não impede nossas esposas, mães ou irmãzinhas de querer ver outra coisa na tv às 9h40 de um domingo. Especialmente se gostamos muito de corridas, há grandes chances de alguém usar isso contra nós numa barganha sórdida e covarde do tipo "então você vai me deixar ver Friends e Barrados no Baile a semana toda". Desesperados pelo silêncio, nós concordamos e depois temos que pagar o preço.
  • Pergunte como foi a corrida até agora
"- Nossa, mas o [piloto] não tava indo super bem ?"
Acompanhada de uma diabólica expressão facial de falso interesse, essa pergunta nos tira a atenção e nos faz resumir a corrida toda para a pessoa que perguntou. E ela faz de propósito, pois não está registrando um único byte de informação:  ela só quer nos desconcentrar e fica feliz da vida quando perdemos a ultrapassagem mais bonita da corrida durante a resposta.
  • Pergunte pelo Senna
"E o Senna ?"
Não importa se o cara morreu há 18 anos, tem gente que ainda acha (ou finge que acha) que ele corre. E faz questão de perguntar para encher nosso saco.
  • Pergunte algo técnico e não ouça a resposta
"Mas querido, a asa móvel aberta não aumenta a instabilidade do carro no momento da freada em uma curva de alta ?"
Isso parece uma pergunta séria, mas não é. O problema é que parece séria. Daí, começamos a nos desbobrar em explicações de como a asa móvel se fecha ainda na reta e não chega a perturbar o perfil aerodinâmico do carro, recuperando a pressão nomomento crítico da tangência... E ao olharmos para o lado no meio da explicação, a pessoa que perguntou está folheando a Veja.
Grrrrrrr.
  • Inicie uma conversa sobre qualquer outro assunto.
"A gente vai almoçar em casa ou fora hoje ? O que você quer de refrigerante ? Acabou o queijo ralado. Você não pode ir comprar um pacote ?"
A droga da corrida tem míseras duas horas a cada duas semanas, mas é o exato momento para perguntar algo que não faz a menor diferença (nem mesmo depois). Pedir para parar "só um pouquinho" então é lindo. Para as mulheres que quiserem atingir o Estado da Arte em atrapalhar corridas, iniciem um DR na volta de apresentação.

Acho que consegui transmitir o espírito da coisa. Acaso tenha alguma pessoa de bom coração lendo isso, entenda como não fazer para incomodar o fã, ok ?
Nossas úlceras agradecem.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Essa doeu...

Pois é, caros amigos leitores. Vejam o video abaixo, do pessoal do CQC.


Somos muito rápidos em criticar a falta de conhecimento de geografia dos norte-americanos. Sempre fazemos piada com "Buenos Aires é a capital do Brasil". E essa, hein ? Burrice aguda.

Quando a corporação erra

Falarei agora de um assunto que está quente não só na minha cabeça, mas na de todos os meus colegas fãs da Nascar (para quem não sabe, é a principal categoria do automobilismo norte-americano). Há alguns anos, a Nascar vem sendo transmitida pelo canal Speed, com narração jovial de Sérgio Lago e excelentes comentários de Roberto Figueroa. Eu já admirava a categoria há algum tempo e comecei a acompanhar a sério em meados do ano passado, após uma visita ao autódromo de Daytona, na Florida.
Ocorre que o canal Speed é uma parte do conglomerado Fox, que inclui os canais Fox, Fox News, FX, National Geographic Chanel, Nat Geo Wild, Fox Life e Bem Simples (confesso que só descobri este último no site deles). Não se trata, portanto, de uma microempresa ou de uma emissora religiosa de fundo de quintal.
No segundo semestre de 2011, a Fox anunciou a chegada do canal Fox Sports ao Brasil. Grande notícia, sem dúvida: como fã de esportes, penso que quanto mais opções tivermos de canais, melhor. O problema é que isso sempre incomoda a concorrência. Neste caso, incomou o Sportv e, por tabela as Organizações Globo, proprietária do canal e de uma montanha de outras atividades econômicas. No meio da montanha, está a operadora NET de TV a cabo, controlada indiretamente, e a Globosat numa operação menos discreta.
Quem tem acompanhado a novela da entrada do Fox Sports sabe que as operadoras em geral, e a NET em particular têm criado o máximo de dificuldades possível para a entrada do novo concorrente na grade. As alegações são as mais estapafúdias, chegando ao cúmulo de alegar "falta de espaço na grade". Seguem links para alguns capítulos, caso o leitor queira se aprofundar no tema:


Até aí, sou solidário à Fox. Não é fácil brigar com a Globo, mas também não há brasileiro sem o sobrenome Marinho que realmente a ame. No final das contas, a Fox teve que sacrificar um de seus canais para dar espaço ao Fox Sports.
Não deve ser fácil nem divertido fazer isso. É como o pai que tem 8 filhos e só pode colocar 7 na escola: quem vai para o farol pedir esmola, então ? Sobrou pro Speed. Pessoalmente, eu não sentiria falta alguma de Fox Life ou de Bem Simples (que eu nem sabia existir, quiçá que era deles...). Mas imagino que a alta direção da corporação tenha escolhido com cuidado. Não se pode negar uma certa similaridade entre um canal de automobilismo e um canal de esportes em geral. E cá entre nós, quem realmente estava vendo as reprises do Monster Jam ou o do Pinks All Out?
O medo de perder as corridas de Nascar ficou de lado dia 01/04: transmissão na íntegra da corrida do dia, com Lago e Figueroa nos microfones. O fim de semana seguinte, de Páscoa, não tinha corrida. E chega o triste dia 14/04.
A corrida do Texas estava programada para 20h (Brasília). Programei meu DVD para gravar, mas por acaso estava em casa na hora e fui acompanhar o começo da corrida. Surpresa!
Fox Sports estava iniciando a transmissão de um jogo de basquete válido pela "Liga das Américas 2012". O clássico em questão era Cocodrilos da Caracas (Venezuela) e Capitanes de Arecibo (Porto Rico). Não estou brincando, juro que esses eram os times. E para completar a beleza da coisa, o jogo empatou duas vezes indo para prorrogação em cada oportidade. E eu, desesperado, torcendo para qualquer um ganhar para acabar logo aquela porcaria.
A transmissão começou efetivamente por volta de 22h30, com mais de meia prova já cumprida (eu estava em pânico tentando saber se haveria VT ou algo assim). Neste ponto, um lampejo de inteligência fez com que a transmissão fosse feita na íntegra, desde o começo da corrida embora ela estivesse em andamento. Problema resolvido, certo? Numas.
Com 15 minito de transmissão, na volta 27, veio um intervalo comercial. Na volta dele, 120 segundos depois, a corrida misteriosamente estava na volta 48.
Não basta anunciar errado, começar atrasado e ainda por cima tem que cortar um pedaço ?
Gente da Fox, por favor ponham a mão na cabeça. O Fox Sports assumiu a posição do Speed na grade, então é herdeiro de seus telespectadores. Deve, portanto, de nós cuidar, oras. E, embora não fosse uma audiência massacrante, é evidente que as provas na Nascar eram o carro-chefe do Speed. É como o novo dono da pizzaria desconsiderar os clientes antigos só porque agora também vende frango assado.
Tratar-nos assim é triste, é lamentável, é burrice aguda.
Hoje, não temos alternativa de transmissão. Não há ameaças do tipo "trocar de canal" ou "vocês vão ver quando eu cancelar a assinatura". Mas um dia a opção chega, Fox, e vocês não perdem por esperar.
Vai ter troco, isso não fica assim.

Isso é hora de começar um blog ?

Talvez seja meio tarde, é verdade. Talvez o mundo já esteja beyond salvation e não tenhamos nos dado conta disso. Mas como eu não acho isso, vou tentar fazer minha parte.
Sei lá se alguém vai se dar ao trabalho de ler meus textos, mas quero deixá-los abertos a visitação e escrutínio público. Pretendo falar de assuntos de variada importância, em amplo espectro de temas, e sem datas fixas ou pré-determinadas. Falarei de automobilismo, cachorros, política, futebol, economia, ciência, ateísmo, dia a dia, culinária e jogos (tentei pintar as palavras em cores bonitinhas e ficou um desastre). Não falarei de novela, fofocas de artistas, moda, carnaval e miudezas. Prometo. Mas em geral, vou tentar manter uma linha de pensamento que guia meu modo de ser e de viver há décadas (quase 4 neste momento). Esse estilo se resume a duas palavras:
Odeio Burrice.
Na verdade, pensei nesse nome para o blog, mas achei que fazer uma homenagem a Isaac Asimov, na minha opinião o melhor escritor de ficcção-cietífica de todos os tempos, poderia ser mais simpático.
Então acompanhem, participem, critiquem e apoiem.

Obrigado a todos(as).